Carolina Vieira consegue nota máxima em prova de redação da UFG
Carolina Vieira, ex-aluna do Ensino Fundamental do Orientar Centro Educacional, entre os anos de 2004 e 2011, acaba de conseguir nota máxima na prova de Redação da Universidade Federal de Goiás. Ela cursa hoje o 3º ano do Colégio Agostiniano.
Desde os tempos do “Orientar”, Carol, como era carinhosamente chamada por colegas e professores sempre foi uma aluna dedicada e talentosa. Era uma “ratinha” , parafraseando sua fábula, do projeto Mala de Leitura, devorava livros e livros , o que certamente, contribuiu para que hoje, a jovem tivesse um desempenho exemplar na redação do Vestibular UFG/2º semestre.
Nós do “Orientar Centro Educacional” parabenizamos a ex-pupila e desejamos sucesso em sua vida acadêmica e profissional.
Geralda Ferraz
Leia abaixo a fábula criada por Carolina Vieira e que lhe deu o 1º lugar na redação.
Tema: Experiências estéticas e práticas éticas nas relações sociais (UFG 2014.2)
Gênero: Fábula
“Quem roubou o meu queijo?”
Diz que era um mundo kafkaniano. Da noite para o dia não houve ser humano que não amanheceu metamorfoseado em bicho. Todos, com rabinhos compridos e dentinhos grandes, viraram ratos selvagens. Todos exatamente iguais, tendo agora a selva como casa. Houve grande desordem. Alguns pensavam: “Como agora vamos reconhecer nossos governantes? Como vamos distinguir os mais ricos e famosos?” As famílias, pelo dom de reconhecimento se reconheciam, mas olhar para o lado e ver indivíduos iguais – logo para o homem, que nunca aprendeu a reconhecer um outro homem como um igual – era um surrealismo epifânico que nem Freud explicaria.
O costume a um capitalismo feudal, repleto de hierarquizações e distintivos de classe, exigiu ideias que fizessem tal modo de produção, sociedade e vida permanecer vigorando. Fazia parte do materialismo histórico se subjugar a padrões estéticos que identificassem uma classe, e isso era necessário manter. A ética igualitária, a divisão igual dos bens da floresta era algo que a ignorância instituída nunca ensinara como ideal. Para que os ex-humanamente abonados permanecessem ilustres, a universalização da qualidade de vida permanecia no plano do “difícil de acontecer”. A quem quisesse buscar se assemelhar aos ilustres, no entanto, mesmo que diante de olhares duvidosos, não haveria impedimento. Com o distintivo definido como: “é mais rico quem tem mais queijo”, a luta de classes se pautava na obtenção do elemento sagrado. Os abonados anteriores já o ostentavam: a ideia do queijo partiu deles. O homem miserável de anteriormente, que já entendia o modo de incluir-se naquela boa casta de ratos, não dizia “quero respeito”, “quero justiça”, “quero igualdade”. Acostumou-se à ideia do “quero queijo”, “tenhamos queijo”, “sejamos queijo”, na paráfrase do “ser pornográfico”, de Drummond.
Para assim gerar a distinção, o rato abonado recebia a etiqueta “eu tenho muito queijo”. Um rato, em uma conversa informal, uma vez disse a outro:
– Rato, ostentar queijo dá muito status. Se eu cantar que tenho queijo e que tenho a etiqueta, serei muito famoso!
– Criemos então o funk ostentação do queijo, Rato!
Uma ratinha, em outra circunstância, disse à outra:
– Precisamos encontrar um modo de também lucrar com o queijo!
– Ora, criemos então o outlet do queijo, Rata! Queijo em promoção, queijo parcelado em 1000 vezes no cartão!
O governo também agiu: “Inauguramos hoje o projeto Meu Queijo, Minha Vida”. Empresas ofereciam financiamentos a quem queria comprar o carro-queijo: “Não use suas patas rápidas! Vá ao serviço ostentando como o Rato Batista”.
As aulas de ética, que já não eram visadas, foram substituídas pelas aulas de como fazer queijo. Sonho de ratinho era fazer um grande queijo como a Lua. E pesadelo de rato se tornou sonhar com outros ratos roubando seu queijo ou outro bicho o roendo, como no livro de Dyonélio Machado.
E foi essa sociedade metamorfoseada que perdurou por longos anos. Sociedade interessante dos ratos intolerantes à lactose.
Moral: Em terra de ratos, quem tem queijo é rei.
Moral verdadeira: Com ou sem queijo, todos são ratos.
Outra moral verdadeira: Não só de etiqueta vive o rato, mas isso ele ainda não percebeu.
Fonte: Facebook de Carolina Vieira
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